Quando eu era adolescente eu queria um namorado bonito, rico, que fizesse medicina, que gostasse de animais e que tocasse violão ( tipo naqueles luais com uma rodinha de amigos ao redor). Aí, assim como minhas espinhas e minha timidez, a adolescencia foi embora. Parece que eu pisquei o olho e ela foi embora, assim, sem nem se despedir ou deixar um telegrama.
O namorado bonito apareceu (não,ele não era médico,nem tocava violão. A parte do Walt Disney aconteceu na minha infância,apesar de sempre teimar em aparecer até hoje). Só que esse conto de fadas desmoronou, mais rápido até que minha acne,e, por mais que a gente queira ser otimista, a decepção chega arrastando tudo em volta, como um furacão, pior, chega mais rápido que cocaína ao cérebro.
Essa coisa de momento é estranha, chega até a ser cômica. Quando uma coisa vai bem, parece que tudo é um mar de rosas, você, seu namorado bonito, sua pele,seu esmalte, ah vai, até seu pai pára de implicar com o comprimento da sua saia. Mas quando chega essa substância alucinante e monstruosamente avassaladora que te faz cair de um penhasco, você desaba, literalmente. E mais, tudo ao seu redor desaba. O chiclete no seu sapato, a nota baixa, a unha encravada e aquele maldito pedreiro do vizinho batendo pregos às 7 da manhã.
Aí de duas uma, ou você pira, ou espera melhorar. Mas não é uma esperazinha, você espera, mais além, você espera pra caralho,e, o máximo que consegue é acordar com a luz acesa e a cabeça em cima de um livro. Estimulante, não? Não, não é. Mas ainda é melhor que o tal do arrependimento. Esse aí, chega a te deixar de joelhos, em cima do milho, iguais aos castigos da época da minha avó. E é melhor beber bastante aguá, a desidratação sempre aparece, secando sua saliva e suas lágrimas. Te faz implorar e você não resiste à idéia de morfar, se transformar em um Power Ranger e sair por aquela galáxia do Zordon a fora.
Taí o ponto que eu queria chegar, na verdade a parte da adolescencia e do namorado músico foi só uma introdução sem nexo para o assunto relevante. O arrependimento, né? Pois bem, eu sempre ouvi as pessoas falarem que é melhor se arrepender de uma coisa que você fez, do que uma que você não fez, não tentou, não arriscou, etc e tal. A minha experiência com essa idéia de tentar, é realmente frustrante, o trângulo amoroso: eu, minha timidês e meu orgulho, nunca me permitiu ser aquele tipo de pessoa que tenta até o fim, até a morte ou a eternidade. Eu desisto fácil, sabe? E taí a conclusão óbvia, sempre, SEMPRE ! Me arrependo de uma coisinha ou outra que eu não fiz. Algumas mais importantes, outras, nem tanto.
"Mas um belo dia, resolví mudar"... e eu tentei, juro. Brigar com minha timidês foi até fácil, mas me desvincular do orgulho, foi realmente uma batalha. Me enxergava em uma luta entre o Edward Cullen e o Jacob Black , e eu, assim como a Bella, no meio dos dois. "Tchau Jacob",essa parte não causou tanta dor, mas destruir o Edward, que sempre me acompanhou, foi uma tortura.Era como se eu tirasse um rim ou um pulmão do corpo. Mas persistí. Aí fui lá, comprovar se realmente se arrepender de NÂO fazer uma coisa era pior que aquele arrependimento que sempre me aparecia.
Não vou (e não posso),estender muito isso aqui, tá ficando muito cansativo e o fato de ter que sair daqui a trinta minutos também contribui um pouco. Conclusão: Se se arrepender de algo que você não fez te deixava com uma dorzinha no coração, a dor de um arrependimento por algo que você fez, é como um soco no estômago,bem na boca do estômago, e vai por mim, trocentas vezes pior.
É claro que existem pessoas que preferem a certeza, seja com dor no coração, no estômago ou na pontinha da unha. Mas a idéia de masoquismo pra mim, passou bem longe. A dúvida nem dói, pelo contrário, te faz até fantasiar e narrar sua própria historinha passada, aquela, que você nem tentou finalizar, ou inciar, sei lá. Já a certeza do "deu errado"... Essa aí, nem com todos os clichêzinhos de "pelo menos você tentou" e "realmente não era pra ser" te consolam. Foi você quem tentou. E vocês vão ter que resolver isso sozinhos, você e seu arrependimento.