quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Caminhos

É o mesmo caminho com uma nova direção. As expectativas são outras. Em um simples bocejar os anos passam, a vontade aumenta, a realidade fica utópica demais para um futuro tão concreto e previsível. É tudo gelado e mórbido, e lá fora a temperatura derrete asfaltos, corações e expectativas. O interior é frio e lá fora é Saara, fornalha e um enorme imaginário.
As escolhas, o esperar e a vontade matam aos poucos. É o mesmo caminho com novas fachadas. Tudo correto e planejado. Quero grafites, arte, criatividade. As pedras estão desgastadas. Os tijolos gritam socorro. Tudo está lindo e parado.
 É o mesmo caminho com novos rumos. Trilhas traçadas para um ponto final. Um ponto sem fim. Um ponto cheio de reticências. É certo. É obstáculos e parênteses. É errado.  Nada é certo e errado.
O caminho é o mesmo. A rota ensina e repete. A escolha é sua. Já não existem placas de aviso ou semáfaros. Você continua a viagem. Tudo não passa de desaprendizado, molequices e travessuras. O mundo é careta. Eu sou careta. Os grafites retornam à minha imaginação.
É o mesmo caminho exigindo por uma direção...

sábado, 7 de janeiro de 2012

Fragmentos

Sempre tenho esses momentos nostálgicos. Acho que desde criança tenho saudade da infância, desde bebê tenho saudade do berço. Nostalgia quando ouço Cold Play, Beatles, Chico... Nesse exato momento, até Michel Teló e Restart me deixaria assim. E teimo em ouvir Vanderlee às 3 horas da manhã de um domingo.

Estou super bem. A maioria das minhas reclamações e queixas foram resolvidas. Estou empregada, namorando, de bem com meu corpo e minha mente. Aí vem esse aperto no peito toda madrugada, tempo que ficamos - eu e a insônia - papeando sobre a vida e sua rota frenética devoradora de segundos. Sim, eu tenho um medo avassalador do tempo,da sua incognita que nunca dá um tempo, que abre a mala cheia de vida e a esvazia deixando apenas as lembranças e os cabelos brancos. A gente é obrigado a esperar o que não quer esperar. E assim passam os sorrisos, o ultrason e os reveillons.

Entre todas as coisas que queria ser quando crescesse, jamais imaginei querer poder voltar a ter esse pensamento. São muitos arrependimentos, amigos, desperdícios e ambições. Ninguém aproveita tudo. Ninguém vive tudo. A gente dorme demais. A vontade de voltar sufoca e a chance da estagnação  é conformante. Não, não é medo da era botox, é a sensação do nunca mais que infarta, que quase mata.

Fim de ano me deixa assim. Talvez por seus costumes, sei lá. Esperar debaixo da escada o velhinho barbudo com meus presentes. Estalei os dedos e a magia teve fim. Cazuza subestimou o tempo. "Yesterday...All my troubles seemed so far away"... O quadro branco chegou assim, extinguindo o giz, a amarelinha, o algodão doce.Na boca, o dente de leite se foi, em troca veio o gosto amargo do tablet, que acabou com o correio recheado de cartas e telegramas.

E eu continuo aqui, com essa impotência de não poder abraçar e estuprar o mundo, de não poder arrancar  esse amor próprio, essa arrogância do tempo e fazê-lo parar. Chegou mais um, Jobim agora nos faz companhia, ele e a chuva lá fora, essa sim, a mesma de antes.